Embora o Dia Internacional da África seja comemorado oficialmente em 25 de maio, a Fundação Darcy Vargas decidiu estender a celebração por toda a semana. As atividades envolveram uma programação especial voltada para o reconhecimento e a valorização das raízes africanas presentes na cultura brasileira — especialmente na região da Pequena África, onde a escola está localizada.
As ações incluíram rodas de conversa e debates nas aulas de Sociologia e História, nas quais os alunos puderam refletir sobre a contribuição africana para a formação das Américas e sobre o impacto do racismo estrutural que ainda marca a sociedade brasileira. Já nas aulas de Artes, os estudantes participaram de uma oficina de produção de adinkras — símbolos visuais originários dos povos Akan, do atual Gana, que representam provérbios, valores éticos, sabedoria ancestral e espiritualidade. Ao criarem seus próprios adinkras, os alunos expressaram visualmente ideias e sentimentos ligados à identidade, resistência e pertencimento.

E também teve sabor! Em um dos dias, o almoço servido na escola foi especial: frango com quiabo e outros pratos inspirados em ingredientes e modos de preparo típicos de diversas regiões do continente africano. A ação buscou não só apresentar a diversidade da culinária africana, mas também promover uma experiência afetiva e sensorial que conectasse os alunos à ancestralidade de forma concreta e celebratória.
A escolha da Fundação por valorizar o 25 de maio — e não o 13 de maio — reforça um posicionamento pedagógico e político: a valorização da cultura africana como fonte de conhecimento, e não apenas como capítulo de dor e opressão. Enquanto o 13 de maio remete à abolição formal da escravidão no Brasil, sem reparação ou justiça, o Dia da África representa o protagonismo dos povos africanos, suas lutas, pensamentos, filosofias e civilizações.

Com um currículo comprometido com o ensino da história e cultura afro-brasileira, a Fundação Darcy Vargas reafirma seu papel como uma escola antirracista e transformadora. Para a diretora Camila Crispim, “valorizamos essa data porque ela representa o elo direto entre nossos alunos — em sua maioria jovens negros moradores da Pequena África — e um continente que é o berço da humanidade, das civilizações antigas e das matrizes culturais que nos constituem”.
Na Darcy Vargas, educar é também reparar, recontar e reconectar. Celebrar a África é um compromisso com a verdade histórica, com a identidade dos alunos e com o futuro de uma sociedade mais justa.