O Brasil conseguiu colocar mais crianças e jovens na escola, mas o desafio agora é outro — e mais complexo: garantir que elas aprendam, se desenvolvam e estejam preparadas para a vida adulta em um mundo em constante transformação. Entre 1992 e 2024, a escolaridade média do trabalhador brasileiro cresceu de forma significativa. O número de pessoas sem instrução ou com apenas o fundamental incompleto caiu de 67% para 19,2%, enquanto a porcentagem de quem concluiu o ensino superior saltou de 5,8% para 21,9%. Esse avanço, no entanto, não se refletiu em qualidade de aprendizado.
Embora o país tenha avançado em anos de escolaridade, os indicadores internacionais de aprendizagem revelam um cenário de estagnação qualitativa.
Na avaliação do PISA 2022, o Brasil ocupou a 52ª posição em leitura, a 65ª em matemática e a 61ª em ciências entre 81 países. Mesmo após décadas de políticas de universalização do acesso, o país continua entre os últimos colocados em testes internacionais de desempenho escolar. Para especialistas, o grande gargalo está no modelo educacional ultrapassado, na precariedade da infraestrutura escolar e na baixa valorização docente.
Estudos recentes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com apoio da Fundação Lemann, apontam que o aumento da qualidade da educação pode elevar o PIB em até 28% em países como o Brasil. Mais do que expandir a escolaridade, é preciso garantir que o tempo na escola esteja associado ao desenvolvimento de competências e habilidades relevantes para a vida e o trabalho.
Foi exatamente essa a aposta da Coreia do Sul, que, após a década de 1950, concentrou investimentos no ensino básico, universalizou o acesso, reformou sua educação secundária e passou a integrar os países mais desenvolvidos do mundo. O Brasil, por outro lado, demorou a colocar todas as crianças na escola e agora precisa correr em dobro: recuperar o atraso e ultrapassar outras economias em um jogo que não para de evoluir.
Enquanto a política educacional brasileira avança lentamente, a Fundação Darcy Vargas — localizada na histórica Pequena África, na região central do Rio — oferece um contraponto promissor. Com um modelo de escola em tempo integral, currículo inovador e foco no desenvolvimento socioemocional, a FDV obtém resultados que superam as médias nacionais mesmo com menos recursos por aluno.
Nos últimos anos, os estudantes da Fundação registraram notas no ENEM acima da média nacional. O custo por aluno gira em torno de R$986 por mês, bem abaixo da média da rede pública nacional, que ultrapassa R$1.700. O diferencial? Um plano pedagógico que articula STEAM, práticas antirracistas, oficinas culturais e apoio psicossocial contínuo.
Além disso, a escola tem evasão próxima de zero e ex-alunos que hoje atuam como lideranças comunitárias, artistas, universitários e agentes de transformação. O projeto pedagógico conecta o aluno ao território, valoriza sua identidade e oferece ferramentas reais para que ele construa um projeto de vida sólido e realizável.
Como defende a especialista Claudia Costin, “se o estudante transforma seus sonhos em projeto de vida, com mentoria adequada, especialmente em contextos vulneráveis, seu engajamento cresce exponencialmente”. É esse engajamento que a FDV cultiva desde o primeiro ano do ensino fundamental até a conclusão do ensino médio.
A mudança estrutural da educação brasileira depende de uma política de Estado, capaz de atravessar governos e gerar transformação de longo prazo. Mas iniciativas como a Fundação Darcy Vargas mostram que a resposta pode começar agora — e de forma escalável.
Investir em escolas como a FDV é acreditar que um novo modelo educacional é possível, sustentável e transformador. É apostar na potência de jovens que, mesmo em contextos de alta vulnerabilidade, podem construir trajetórias brilhantes quando recebem as condições adequadas.
A transformação já começou. Para continuar, precisa de parceiros. Vamos juntos?